terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Broadway - o grande centro dos musicais



Desde o momento que eu fiz o post do meu blog "Resumo da Ópera", cujo título se dirigia à pergunta "Ópera ou Musical?", que fiquei achando o quanto seria bom, para mim e para quem tem interesse neste assunto, fazer uma revisão histórica do nascimento e desenvolvimento dos musicais, principalmente os da Broadway, lugar onde eles vão tomar um vulto maior. Os musicais são parentes próximos das óperas, sendo que estas têm uma origem mais elitizada, nascida da intelectualidade da Renascença.

Entretanto, os musicais tiveram suas sementes plantadas nos teatros musicais da Inglaterra e da França, que começaram a divulgar a opereta, a música dos cabarés e a música do "Vaudeville", como também se ocupavam com as sátiras denunciando problemas sociais.

Assim, em 1728 na Inglaterra, é representada um tipo de opereta bufa composta por John Gay para fazer frente ao monopólio musical que Häendel fazia na época. Neste musical, chamado de "The Beggar's Opera" (A Ópera do Mendigo), com arranjo musical de Johann Christoph Pepusch, Gay satirizava vários aspectos da sociedade dos mais poderosos, onde se incluia o grande compositor Häendel. Na época uma famosa figura foi centro de suas críticas, o político Sir Robert Walpole ( principal ministro de Jorge II até 1742, e o homem que lançou as bases do regime parlamentar britânico), onde a peça lançava comentários caricaturados, levando o público a muitos risos. Montagem de 1948, em Londres.


Sob o pretexto de ladrões e salteadores, que figuraram no seu musical, estava disfarçada uma sátira sobre a sociedade que, ao descrever o código moral de seus personagens, tinha em mente desmascarar a corrupção da classe dirigente.

A obra foi um sucesso estrondoso e acabou por forçar o compositor alemão Haendel a fechar o seu teatro. Mais que isso, impulsionou o movimento de sátira ou reação ao elitismo. Daí em diante, a opereta torna-se um gênero extremamente popular em Londres (onde ficou famosa pelo West End) e é exportado pelos imigrantes para Nova York (onde desde o início ocupa a Avenida Broadway).

São estas duas cidades, Nova York e Londres, que servem de berço ao gênero musical e onde até hoje estréiam os musicais de grande porte. Faz a ponte entre elas, por volta de 1870, uma dupla de ingleses que dita as bases do musical contemporâneo. William Gilbert e Arthur Sullivan que compuseram juntos várias peças, e sua grande inovação foi aliar música, letras e enredo num único conjunto. A narrativa não seria interrompida para uma canção, e sim a própria canção, pelas letras e pela melodia, ajudaria a carregar a narrativa. Gilbert & Sullivan e sua produção explorava ao máximo o potencial dos apelos extra-musicais.

É justamente através do teatro de dança musicado, extremamente popular que surge nos Estados Unidos um gênero de espetáculo que se firmará como principal produto de consumo da classe média emergente daquele país: o musical da Broadway.

Podemos resumir os musicais como sendo espetáculos que usam vários recursos para contar uma história e entreter o público. Eles podem ser vistos tanto no teatro como no cinema e geralmente apresentam histórias leves, mas em alguns musicais mais modernos o drama pode ser adotado com muita propriedade. Em alguns espetáculos a música é a própria narrativa, em outros a música interrompe a narrativa, e há ainda aqueles onde a história é cantada do princípio ao fim, como nas óperas.

Apesar de ser originário da Europa, o musical ganhou força mesmo foi nos Estados Unidos. O gênero se consolidou na década de 40, quando tomou conta da Broadway. Vários coreógrafos de balé passaram a trabalhar em musicais e muitos libretistas e compositores escreviam especialmente para o teatro musicado. Os intérpretes tiveram que exercer múltiplas funções, pois atuavam, cantavam e até dançavam. O público logo se apaixonou por esse estilo de espetáculo.

Os Estados Unidos são considerados o país dos musicais. Para todo turista que visita Nova York, assistir a um musical da Broadway é programa obrigatório. Vários espetáculos da Broadway permanecem em cartaz durante anos seguidos.

No início, o centro comercial da música popular em Nova York era uma pequena rua apelidada de "Tin Pan Alley" ("Viela das Panelas de Lata"), de onde saíram muitas músicas maravilhosas que nos encantam até hoje. A Broadway abrigava uma população composta de imigrantes de vários lugares em busca de uma forma de ganhar a vida, muitas vezes tocando algum instrumento e sempre em busca de uma oportunidade que lhe mostrasse um palco, não só para sobreviver, mas para obter o reconhecimento de seu talento como artista.

Hoje a Broadway é muito famosa pelos seus teatros que exibem superproduções de musicais, que muitas vezes ficam em cartaz durante vários anos. Atravessa a Times Square e é ponto de referência para 43 teatros que conformam o Circuito Broadway.

A partir deste início com os imigrantes europeus, vamos tentar delinear os primeiros movimentos dos musicais até chegar aos dias atuais, focalizando a região conhecida como Theatre Distric, Broadway e Times Square que são onde concentram os grandes espetáculos, e que durante todo o ano dezenas de produções são os seus acontecimentos, gerando uma excitação mágica de um musical memorável. Os musicais fazem parte do gênero mais apreciado e explorado, que são montados para serem inesquecíveis.

Mas também vamos focalizar, em primeiro lugar, o destaque em que os filmes musicais tomaram no mundo inteiro, onde Hollywood vai sugar na Broadway a sua inspiração. O que existe, na verdade, é um entroncamento entre cinema e teatro, pois algumas peças teatrais partiram de filmes musicais de sucesso, embora o contrário tenha sido mais frequente.

Enfim... teatro ou cinema, o assunto é o musical.


Broadway
Levic

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