quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Nasce o filme musical




Em plena crise econômica que abalou o mundo (1929 - A Grande Depressão), Hollywood conseguiu driblar a situação apática em que vivia a indústria cinematográfica naquele momento. Era preciso surgir algo que pudesse motivar a freqüência do público ao cinema, algo que fosse realmente inovador e atraente.

Nesse período as novas tecnologias que introduziram o som aos filmes mudos, foram as técnicas que deram ao cinema uma nova vida, algo potente que o transformou em tudo o que conhecemos hoje. O som e a imagem num perfeito sincronismo tornaram possível o surgimento de um novo gênero, uma nova maneira de fazer filmes, de contar uma história. O gênero musical nasceu praticamente com a introdução da música no cinema.


Assim os musicais nasceram como consequência dos filmes falados. Após os primeiros trinta anos do cinema, aparece em 1927 o primeiro filme com trilha sonora gravada e sincronizada: "The Jazz Singer" (“O Cantor de Jazz), de Alan Crosland, o primeiro filme falado, era também o primeiro musical, lembrado até hoje pela célebre seqüência cantada por Al Jonson, que conta a história de um pretendente a cantor que sofre preconceito dos jazzistas tradicionais por ele ser branco. Originalmente produzido como filme mudo, o musical foi adaptado para tirar partido do sistema "Vitaphone" e estreou com algumas frases de diálogo antes de cada número musical. O filme revelou-se um verdadeiro sucesso e tornou-se num ponto de referência da história do cinema musical.



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Os primeiros filmes sonoros musicais vieram diretamente do teatro musical, vinculados às adaptações de operetas que se prestavam muito bem para serem fotografados das peças de teatro. O primeiro estúdio com essa iniciativa com todas as canções da opereta na tela cheia foi o Warners com a direção de Roy Del Ruth que foi "The Desert Song" (1929) com algumas seqüências em Technicolor, que foi baseado na opereta do mesmo nome apresentada em 1927 , com música de Sigmund Romberg e Oscar Hammerstein II.

O filme foi estrelado por John Boles como o "Pimpernel-like Red Shadow" - o líder mascarado, um bonito bandido francês marroquino e a Rainha Carlotta como a heroína Margot . Myrna Loy também estrelou num papel como uma exótica nativa chamada Azuri. O filme foi produzido duas vezes a mais pela Warner Bros, em 1944 e 1953.

A primeira produção importante da RKO foi a fase de adaptação de "Rio Rita" (1929), um dos primeiros espetáculos de musical (filmado em preto e branco com uma seqüência Technicolor) . Estrelando Bebe Daniels como o personagem de caracteísticas latino-americanas e John Boles como Texas Ranger, que era uma adaptação do caro musical de Florenz Ziegfeld do teatro de 1927, um verdadeiro sucesso da Broadway. Duas de suas estrelas do show original, Bert Wheeler e Robert Woolsey, encontraram a fama mais tarde, já no início dos anos 30.

O melhor filme da MGM, uma comédia musical recebeu o título de "The Rogue Song" (1930) que foi outro musical adaptado da opereta de 1912 que é "Gypsy Love", estrelado por ex-barítono do Met, Lawrence Tibbett, no seu primeiro papel de cinema (indicado ao Oscar de Melhor Ator) como Yegor - o arrojado líder de uma banda chamada "The Robbing Larks. New Moon (1930), que foi refeito em 1940, com Jeanette MacDonald e Nelson Eddy, coestrelado com a diva do Metropolitan Opera a soprano Grace Moore. O filme de estreia de Moore foi na MGM no musical chamado "A Lady's Morals" (1930) interpretando Jenny Lind, o "Rouxinol Sueco".

Entretanto, dois filmes vão levantar vôo e mudar o conceito de musicais, ambos feitos em 1929 e ambos concorreram ao Oscar. Um deles é “Hollywood revue of 1929, produzido por Harry Rapf e Irving Thalberg, dirigido por Chuck Riesner para a Metro-Goldwyn-Mayer.

O filme reuniu alguns dos artistas mais populares da MGM para duas horas de projeção.E era um desfile de grandes estrelas, incluindo a estreante Joan Crawford,Conrad Nagel e Jack Benny( os dois mestres de cerimônias), Anita Page, Marie Dressler,William Haines, Buster Keaton e Marion Davies, mas resumia-se a esquetes isoladas de sapateados e canto.

A música é de Gus Edwards, com exceção de "Singing in the rain" com letra de Arthur Freed e música de Nacio Herb Brown. Os destaques do filme são as performances musicais (incluindo a estréia de "Singin 'in the Rain"), realizada inicialmente por Cliff Edwards ( "Ukelele Ike'") e posteriormente executada no final do filme por todos do elenco, além de apresentar uma rotina de comédia estreladas por Stan Laurel e Oliver Hardy como mágicos inaptos.

O filme foi bem aceito pelo público e recebeu indicações para o Oscar. Em 1930, os produtores da MGM quiseram fazer uma continuação para o filme intitulado "The March of Time", mas logo a MGM mudou de idéia, sendo assim abandonaram o projeto que já se encontrava em pré-produção.



http://www.youtube.com/watch?v=fUba07FwXSw&feature=player_embedded



http://www.youtube.com/watch?v=g9La1WCRo9w&feature=player_embedded

No entanto, o outro filme é que vai estabelecer de vez o musical como gênero. É a película "The Broadway Melody", que conta a história de uma corista que alcança o estrelato.O elenco consta de Charles King, Anita Page, Bessie Love, Jed Prouty, Kenneth Thomson.

Baseado na história de Edmund Goulding que conta a história das irmãs Queenie e Hank Mahoney, dupla de atrizes-dançarinas-cantoras em busca de um lugar nos musicais na Broadway. Já naquela época eram retratadas as artimanhas para se conseguir o tão procurado lugar ao sol...

Foi o primeiro filme falado a ganhar Oscar , e o primeiro musical completo com todas as falas feito em Hollywood. No mesmo ano concorreu aos prêmios de Melhor Atriz para Bessie Love (Hank Mahoney) e melhor diretor para Harry Beaumont. Ganhou como melhor filme, tendo concorrido com "Hollywood Revue of 1929".

O êxito dessa película provocou uma popularidade maior ao gênero e assim cada vez mais um número crescente de filmes foi invadindo o cinema. Este musical de 1929 tem muito mais pra dar ao público: mostra a estranheza que foi passar do cinema mudo ao falado, diálogos inspirados, personagens queridos, e claro, números musicais absolutamente fantásticos. “Broadway Melody" apresenta a canção clássica "Give My Regards to Broadway", de George M. Cohan, que também fez sua estréia neste filme.


The Broadway Melody - THE BROADWAY MELODY

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São anos marcados para o musical-espetáculo. Na técnica, surge a possibilidade de realizar filmes sonoros e na linguagem, o espetáculo “ Show Boat'”(O Barco das Ilusões), de 1927 (teatro), revoluciona a narrativa do gênero musical, amarrando intrinsecamente as letras à trama e inovando nas temáticas abordadas (conflito racial, alcoolismo, vício em jogo, e tudo sem final-feliz).

Com música de Jerome Kern e letras de Hammerstein e P.G. Wodehouse, conta a história sobre os encontros e desencontros da vida que se passa nos anos 80 do século XIX, à volta de um barco a vapor que subia e descia o Mississipi, apresentando espetáculos nas povoações ribeirinhas, e que esses barcos eram chamados de “showboats”.

O filme foi estreado em 1936 com grande sucesso e inclusive até hoje ainda tem público. Em 1951, ganhou uma adaptação memorável para cinema, com Katarin Grayson, Ava Gardner e Howard Keel, e como também ganhou novas roupagens para apresentação em teatro, como uma peça no Paper Mill Playhouse em 1989 e uma outra elaboração na "Broadway Revival of Show Boat"em 1994.



http://www.youtube.com/watch?v=Y5owzfuvE2k&feature=player_embedded



http://www.youtube.com/watch?v=eh9WayN7R-s&feature=player_embedded

No Paper Mill Playhouse em 1989.


http://www.youtube.com/watch?v=2ZnxZxjSYN0&feature=player_embedded

"Broadway Revival of Show Boat"em 1994.


http://www.youtube.com/watch?v=zdkWyH7qGdE&feature=player_embedded

Imediatamente, os produtores enxergaram a possibilidade de se investir num novo gênero. Em apenas dois anos, já eram 80 títulos produzidos em musicais, e o número aumentou cada vez mais com o decorrer dos anos. Muitas das primeiras produções, no entanto, não são narrativas construídas através da música, e sim sobre a música, ou seja, muitas vezes composições já existentes e populares, eram aproveitadas para embalar o filme em seu sucesso. Já nesse estágio, é uma apropriação da indústria cultural por ela própria.

Esses primeiros filmes pareciam mais espetáculos filmados, pois não possuíam uma característica cinematográfica e somente nos anos 30, na responsabilidade de Busby Berkeley, que foi possível
vislumbrar novos movimentos de câmaras dando um aspecto mais dinâmico ao musical.

Alguns dos principais nomes na história do cinema musical entram em cena na década de 1930, como o diretor Busby Berkeley, que Hollywood trouxe da Broadway para injetar vida no gênero. Antes de sua chegada, os filmes resumiam-se a uma câmera estática registrando as coreografias em plano geral, quase como se estivesse no teatro. Berkeley fez uma pequena revolução, dando movimento à câmera e incrementando o uso de cenários.

Outros títulos, no entanto, são apresentações filmadas dos sucessos musicais da Broadway, como “Rio Rita” (1930). Apesar de rara, nos primeiros anos, este tipo de releitura transformara-se em pouco tempo no modelo de produção, completando um ciclo quase natural de sucesso na indústria cultural: obras literárias são adaptadas para peças, peças para musicais de palco, musicais para filmes. Nasce nesse momento o cinema musical-espetáculo.



http://www.youtube.com/watch?v=YY55wtSNTnc&feature=player_embedded


O mesmo filme na versão de 1940, com o ator Alan Ladd.


http://www.youtube.com/watch?v=G8wYUJgcCj0&feature=player_embedded

O filme produzido em 1933, "42nd Street", ocupa um lugar especial na história do cinema musical com a coreografia inovadora de Busby Berkley. Uma garota ingênua de olhos lacrimejantes, um espantoso tenor, estrelas e produtores em apuros financeiros...todos são habitantes da rua 42. A direção é de Lloyd Bacon e no elenco estão, entre outros, Gingers Rogers e Dick Powell.


http://www.youtube.com/watch?v=R0zrk_pPjf8&feature=player_embedded




http://www.youtube.com/watch?v=uBkE6TOmMEU&feature=player_embedded

Broadway revival


http://www.youtube.com/watch?v=P9dDFqn5rYI&feature=player_embedded

A partir desse ponto os filmes musicais serão produzidos cada vez mais.





Até breve.
Levic

Um comentário:

  1. Tá ficando do jeitinho que eu gosto-to! Eba! rs
    Muito bom. Mas ainda temos que conversar ... falta bastante coisa ... rs

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